quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Noragami - Impressões sobre as duas temporadas

Olá, meus amores. Bem, venho nesse humilde post falar um pouco sobre um anime que foi destaque nas temporadas passadas. Como estamos buscando retomar o ritmo que este blog já teve há anos atrás, hoje resolvi fazer aquilo que mais gosto de fazer por aqui: analisar animes. A animação que escolhi dessa vez foi um shounen que até o momento possui duas temporadas (2014 e 2015). Noragami me foi apresentada há um bom tempo, mas apenas agora resolvi assisti-la devidamente. O texto a seguir vai sair mais como um incentivo de minha parte, pois quero muito que outras pessoas "degustem" essa história.
Noragami, em suma, trata sobre um deus "menor" chamado Yato. Bem, Yato seria uma espécie de deus falido, pois não tem fiéis e nem mesmo um templo para orações. Sua rotina diária consiste em espalhar pichações em paredes e até mesmo em banheiros públicos para que alguém contrate seus serviços de deus. Ele, nesse caso, se torna um deus "faz tudo", enfrentando tarefas que vão desde encontrar animais desaparecidos até consertar a encanação de banheiros.
A história de fato começa quando Hiyori Iki, uma colegial, salva Yato de um acidente. Este acontecimento acaba resultando na transformação de Hiyori em uma espécie de "meio-fantasma", ou seja, a alma da garota passa a sair de seu corpo constantemente e, com isso, ela passa a ver diversos seres que antes eram invisíveis aos seus olhos, como outros espíritos. A garota, que a princípio se assusta com sua condição, no decorrer da série passa a se envolver cada vez mais com Yato e com o shinki de Yato, Yukine.
Noragami traz uma sinopse bem estranha, por isso me senti forçada a engolir algumas coisas nos primeiros episódios, mas depois os próprios personagens e o relacionamento entre os mesmos me fizeram querer assistir tudo de uma só vez. Isso é uma novidade para mim que, se não me apaixono de uma vez, deixo o anime de lado e procuro outra coisa melhor para fazer.
Dos três personagens principais, Yato é de longe o mais carismático. Ele é um personagem com manias e repleto de características não tão positivas, e é isso que nos aproxima cada vez mais de sua personalidade e nos faz torcer para o seu sucesso. Yukine, o garoto loiro de 14 anos, que acaba se tornando o espírito protetor de Yato (ou shinki), inicialmente age como um menino mimado. Amei o desenvolvimento desse personagem, pois não foi idealizado, como geralmente acontece. O garoto, desde o princípio, agiu como um "garoto problema", querendo viver como um menino de sua idade e invejando aqueles que conseguem. Yukine (nome que foi dado por Yato) passa por diversas provações, peca e, por consequência, é punido, sendo perdoado e conseguindo finalmente se aceitar.
Hiyori, por outro lado, é uma personagem que a princípio não estava envolvida com nenhum ser sobrenatural, mas que, por ironia do destino, acaba se tornando um "híbrido", ou seja, acaba adquirindo a habilidade de seu espírito sair de seu corpo. A princípio se envolve com Yato e com Yukine para que eles consigam consertar seu corpo, mas posteriormente acaba se apegando aos dois, criando vínculos de amizade.
A história dos três monta o enredo da primeira temporada, cabendo à segunda os "arcos" dos outros personagens. As duas temporadas, apesar de tocarem no passado de Yato, não chegam a explicar devidamente a relação entre Yato, Nora (outro shinki de Yato) e Kouto Fujisaki, o que me faz pensar numa possível terceira temporada. Tendo como base o sucesso das duas temporadas, creio que uma terceira está aguardando apenas o desenrolar do mangá.

Logo acima mencionei o termo "shinki" várias vezes, sem de fato explicar o que seria. Shinki seria um "ajudante" de um deus, ou melhor, são "tesouros sagrados" que os deuses utilizam para desempenharem diversas tarefas. Cada deus pode ter vários shinki, porém um shinki deve servir a apenas um deus. Ao se tornar shinki, o deus nomeia esse espírito que o servirá, sendo que esse nome fica cravado no corpo do espírito. Entretanto alguns shinki servem a inúmeros deuses, tendo, em consequência, vários nomes. Esses shinki com diversos nomes são chamados de Nora.
O shinki, ou regalia, é criado a partir de um espírito "errante", ou seja, um espírito que ainda vaga sobre a terra. Esse espírito, inicialmente puro, pode ser corrompido se for possuído por fantasmas. Como o shinki tem uma ligação direta com o seu deus, se o shinki for corrompido, isso poderá resultar até na morte do deus.
Sobre o anime, creio que a segunda metade a primeira temporada se perdeu em uma história fraca. Rabou, antagonista, com a ajuda de Nora, rouba as memórias de Hiyori e quer, a qualquer custo, que Yato volte a ser o deus da calamidade que costumava ser. Se levarmos em consideração a inexistência de Rabou nos mangás, podemos dizer que esse arco foi um "enchimento de linguiça".
Quanto à segunda temporada, amei o arco da Bishamon (os seis primeiros episódios), mas devo admitir que os sete últimos me fizeram ficar meio entediada. Não gostei da introdução do personagem Ebisu e, para mim, eles deveriam ter aproveitado o surgimento do Fujisaki, e não ter simplesmente deixado um mistério no ar no último episódio.
A animação como um todo (quesitos técnicos) merece meus sinceros aplausos, principalmente pelas cenas de luta, que foram muito bem feitas. A personagem Bishamon, mesmo tendo um certo fan service, foi muito bem construída, nos fazendo vê-la como uma personagem mais forte que um homem, porém sem deixar de lado a sua feminilidade. Amei essa personagem por conta disso. Hiyori também segue esse mesmo esquema, pois salva constantemente os demais personagens, apesar de não ter poder nenhum (meu modo feminista foi ativado).
Em suma, Noragami, apesar de ser um anime/mangá shounen, tem em seu conteúdo uma ode à força feminina. As mulheres da série são de fato fortes e admiráveis, o que se deve ao fato da história ser escrita por duas mulheres. Não estou dizendo que um mangaká homem não possa fazer personagens femininos "não passivos", mas creio que as mulheres têm mais sensibilidade para a criação de bons personagens femininos. Em todo caso...

Tomara que o mangá seja logo publicado por aqui.

ATUALIZAÇÃO: A Panini anunciou que NORAGAMI foi um dos títulos licenciados pela editora e que em breve será lançado no Brasil!

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